Imaginar que toda a preparação para o Enem foi em vão é um pesadelo para qualquer estudante. Foi exatamente isso que aconteceu com 35 mil candidatos que caíram em um golpe durante o período de inscrições do exame em 2024. A quadrilha responsável não apenas causou um prejuízo financeiro de R$ 3 milhões, mas também tirou desses jovens a chance de realizar a principal porta de entrada para o ensino superior público no Brasil.
A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (10) a operação “Só Oficial” para desarticular o grupo criminoso que criou sites falsos durante o período oficial de inscrições, entre 27 de maio e 14 de junho de 2024.
A operação recebeu o nome de “Só Oficial” com o objetivo de alertar os candidatos das edições futuras a acessarem exclusivamente o site oficial do exame. Além disso, a recomendação é que sempre verifiquem se o endereço da página termina com a extensão gov.br, que garante ser um site oficial do governo brasileiro. As inscrições deste ano se encerraram em 13 de junho, e as provas ocorrerão nos dias 9 e 16 de novembro.
Como funcionava o esquema criminoso
O golpe aplicado pela quadrilha seguia um roteiro bem planejado. Durante o período oficial de inscrições do Enem 2024, os criminosos criaram diversas páginas falsas que imitavam perfeitamente o ambiente oficial do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Os estudantes, ao acessarem esses sites fraudulentos, preenchiam todos os seus dados pessoais acreditando estar realizando a inscrição oficial. Após completar o cadastro, eram direcionados para fazer o pagamento da taxa de R$ 85 via Pix, mas o dinheiro ia direto para uma conta bancária vinculada a uma empresa privada sem autorização para receber esses valores.
A estratégia de divulgação
Para impulsionar o alcance das publicações, o bando contava com anúncios patrocinados nas redes sociais, o que possibilitou a captação de mais vítimas. Os criminosos investiam pesado em marketing digital, criando campanhas que apareciam nos feeds de milhares de estudantes que buscavam informações sobre o Enem.
A sofisticação do golpe: sites idênticos ao original
Um dos aspectos mais preocupantes desse golpe foi o nível de detalhamento dos sites falsos. Um dos sites fraudulentos identificados era o “inscrição-2024.com”, que reproduzia toda a identidade visual do MEC/Inep com perfeição.
Elementos copiados pelos golpistas:
- Logo oficial do Ministério da Educação
- Cores e fontes idênticas ao portal do governo
- Layout similar ao da Página do Participante
- Formulários com os mesmos campos do site oficial
- Mensagens de confirmação que pareciam legítimas
Dicas para não cair em golpes similares
A experiência desses 35 mil estudantes serve como alerta para todos. O único canal válido para inscrição é o endereço oficial do INEP, acessado exclusivamente com login da conta gov.br.
Sinais de alerta para identificar sites falsos:
- Verifique o endereço: Sites oficiais do governo sempre terminam em .gov.br
- Desconfie de promoções: O governo não oferece descontos na taxa do Enem
- Não clique em links suspeitos: Acesse sempre digitando o endereço oficial
- Observe erros: Sites falsos costumam ter erros de português
- Confirme o pagamento: O beneficiário deve ser sempre o Inep
Como proceder com segurança:
- Digite o endereço oficial diretamente no navegador
- Nunca acesse por links em e-mails ou mensagens
- Confirme se o cadeado de segurança aparece no navegador
- Guarde todos os comprovantes de pagamento
- Em caso de dúvida, ligue para o Inep
O MEC planeja intensificar as campanhas de conscientização sobre a segurança no processo de inscrição do Enem. Escolas públicas e privadas estão sendo orientadas a incluir alertas sobre golpes em seus comunicados aos alunos. E tanto o Inep quanto o MEC reforçam que candidatos devem sempre verificar o endereço eletrônico acessado e desconfiar de links compartilhados em redes sociais ou aplicativos de mensagens.
Dúvidas Frequentes
Como identificar se um site do Enem é falso?
O principal indicador é o endereço do site. Sites oficiais do governo brasileiro sempre terminam em .gov.br. Qualquer site de inscrição do Enem que não tenha essa terminação é fraudulento. Além disso, desconfie de sites que pedem pagamento para contas de empresas privadas ou pessoas físicas.
O que fazer se já paguei a inscrição em um site falso?
Aja rapidamente: registre um boletim de ocorrência, entre em contato com seu banco para tentar reverter o Pix, guarde todos os comprovantes e prints do site falso. Procure também o Procon e denuncie o site falso para a Polícia Federal através do site oficial da PF.
Existe alguma forma de recuperar o dinheiro perdido no golpe?
Sim, em alguns casos é possível. Se você agir rapidamente (nas primeiras 24-48 horas), seu banco pode conseguir reverter a transação Pix através do Mecanismo Especial de Devolução (MED). A Justiça também pode determinar o bloqueio e devolução dos valores, como aconteceu neste caso.
Como posso ter certeza de que estou no site oficial do Enem?
Digite sempre o endereço oficial diretamente no navegador. Nunca acesse por links em e-mails, WhatsApp ou redes sociais. Verifique se aparece o cadeado de segurança no navegador e se o endereço termina em .gov.br.
Quais são os únicos meios oficiais de pagamento da taxa do Enem?
O pagamento da taxa do Enem é feito exclusivamente através de boleto bancário gerado no site oficial ou por Pix, mas sempre tendo como beneficiário o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Nunca pague para contas de empresas privadas ou pessoas físicas.
É possível fazer a inscrição do Enem por telefone ou presencialmente?
Não. A inscrição do Enem é feita exclusivamente pela internet, através do site oficial. Não existem inscrições por telefone, WhatsApp, presenciais ou através de intermediários. Qualquer oferta desse tipo é golpe.
Os golpistas podem usar meus dados pessoais para outros crimes?
Sim, infelizmente. Os dados fornecidos em sites falsos podem ser usados para outros golpes, como abertura de contas, solicitação de empréstimos ou cartões de crédito. Por isso, monitore seu CPF regularmente em sites de proteção ao crédito e fique atento a movimentações suspeitas.
Comentários sobre post